Friedrich Nietzsche
(1844-1900), foi um filósofo alemão do século XIX, conhecido por suas radicais
críticas em assuntos como filosofia, política, ciência e teologia,
demonstrando-se como crítico impiedoso do passado, desenvolvendo seu sistema a
partir do Niilismo, doutrina filosófica originada no entre os séculos
XVIII e XIX. Nietzsche nasceu em 15 de outubro de 1844, em Rocke.
Estudou filologia clássica, que é o [1]“estudo da língua em toda a
sua amplitude, e dos escritos que a documentam”, em Bonn e em Lípsia, onde teve
por mestre Friedrich Ritschl. Durante a sua formação, leu O mundo como
vontade e representação, do também filósofo alemão Arthur Schopenhauer,
leitura esta que marcou profundamente o pensamento nietzscheano. Em 1869, com
apenas 24 anos, Nietzsche é chamado para assumir a cátedra de Filologia
Clássica na Universidade de Basiléia. Contudo, em 1879, por questões de saúde e
por perceber que a filologia não era o seu destino, demitiu-se da cátedra,
aplicando-se a reflexão profunda e vivendo as custas de pensões fornecidas pelo
governo. Entre as suas principais obras, destacam-se Humano, muito humano (1878),
A gaia ciência (1882), Assim falou Zaratustra (1883), Além do
bem e do mal (1886), O anticristo e o Ecce Homo (1887). No
ano de 1889, em Turim, vê um cavalo sendo espancado pelo seu dono, cena que o
faz cair em grande loucura e demência. Faleceu no ano seguinte, em 25 de
agosto, imerso em grande loucura e na escuridão da própria razão. Falece de
receber o prestigio do sucesso que suas obras fizeram na época.
A estilo literário na escrita das obras de Nietzsche é bem definido e assistemático, no qual a sua forma aforística na produção de suas obras possui grande predominância de seu subjetivismo e temperamento. [2]O gênero aforístico consiste na “proposição que exprime de maneira sucinta uma verdade, uma regra ou uma máxima concernente à vida prática” (ABBAGNANO, 2007). Entre a sua vasta produção, ele as desenvolve a partir da compreensão niilista dos valores do homem. Esta teoria, por sua vez, consiste na “nadificação” do Ser, não enquanto um posicionamento ontológica do homem em relação ao esquecimento do Ser e do Ente, mas um posicionamento cético e radical, moral e filosófico, no qual o indivíduo toma depois que as ilusões e máscaras dos valores e convicções do caem, e este compreende que não há um sentido nos acontecimentos e nos valores da humanidade, apenas necessidades, que consiste nas ações humanas regidas pela sua vontade. Essa compreensão é fruto de suas críticas a moralidade cristã, no qual:
[...] está assentada na razão humana. Desta moralidade em uma visão metafísica, verifica-se que os primeiros sintomas do “niilismo passivo” são a noção de fraqueza e exaustão do espírito. O fim da crença é a consequência dessa inadequação, no qual os valores de uma cultura até então vigente se desfaz trazendo à tona o conflito interno. Trata-se de uma reação a todo juízo de valor e uma avaliação desse conceito, isso porque o valor das coisas, segundo a crítica do filósofo, parte sempre do existencialismo “vida” (SANTOS, 2013).
Segundo
Nietzsche, os valores existentes não correspondem e nunca corresponderam a
realidade. Portanto, o valor será determinado por aquele que toma uma atitude
como tal, a partir de sua própria reflexão subjetiva e de suas vontades. A
compreensão de valor é determinada pelo niilismo, ou seja, não por
atributos exteriores condicionados ao ser, mas pelo próprio ser que desenvolve
a sua conduta moral.
Destarte, Nietzsche faz
duras críticas as principais escolas filosóficas da época, entre elas as suas
contradições ao positivismo e sua crença do fato, no qual ele chama a
teoria de “estupida”, pois o fato é sempre estúpido e em todos os tempos sempre
se assemelhou mais a um bezerro que a um deus; contradiz os idealistas e os
historicistas, em questão do sentido evidente e progressivo da história, que
para ele era mera ideia da modernidade, portanto, falsa; crítica as pretensões
de veracidade das ciências exatas. Além disso, as duras críticas feitas contra
todos os espiritualismos são sem dúvidas um dos principais fatos que marcaram a
sua filosofia, no qual Nietzsche declara a todos a “morte de Deus”. De acordo
com ele, isso é fruto da decadência da civilização ocidental, como também na
eliminação de todos os valores que foram fundamento da humanidade. O cristianismo seria, por sua vez, um “vício”
e uma doença, pois a compaixão cristã causa ao o homem a sociedade malsã, ou
seja, prejudica a sua estrutura por causa de sua doutrina de valores. Segundo
Santos:
Todos os valores do cristianismo
são enraizados de fora, desse a tortura e o suplício da consciência, elementos
de sua degenerescência, assim, o cristianismo passa a ser um tipo de
decadência, relativa à sua estrutura originária e vindo a colaborar com a
formação dos juízos de valores – como processo natural dos grandes períodos de
crise da humanidade (2013).
Na sua obra A genealogia da moral (1886), com sua
condenação ao cristianismo, Nietzsche submete a moral a cerrada crítica, na
busca de transformar os valores dominantes existentes até hoje. Segundo ele,
até os dias atuais, houve sempre o conjunto moral de valores que determinava o
que é “bem” é o que é “mal”, sendo o primeiro superior ao segundo em valor,
todavia, Nietzsche discorre em sua crítica questionando: “e se for ao
contrário?”, se ao invés do bem, ela seja mal de forma que talvez houvesse um
veneno em seu sistema, do mesmo modo, “se o mal for na verdade o bem?”. A
moral, portanto, é uma “maquina” construída para o domínio dos outros. Nesse
sentido, ele buscará compreender os mecanismos psicológicos que iluminam a
gêneses dos valores no homem e de sua própria vida.
Por sua vez, a vida do homem, de acordo com Nietzsche, é
cruel e cegamente irracional, marcada pela dor e pela destruição. O agir do
homem é pautada em instintos que fazem conduzir a certa moralidade, sendo estes
o Dionisíaco e o Apolínio, termos provenientes de deuses da
mitologia grega; o primeiro refere-se a Dionísio, deus dos
instintos, saúde, embriaguez e da paizão sexual; o segundo refere-se a Apolo,
deus da moderação, símbolo da humanidade equilibrada e límpida. É perceptível
que o intuito de Nietzsche e resgatar a essência do instinto Apolínio,
pois este não possui fechamento do ser em valores absolutos, restringindo o
homem a plena liberdade do agir. A resposta para essa questão e respondida
através da compreensão niilista do ser.
O niilismo de Nietzsche, portanto, surge como uma
consequência necessária para o homem, por defender que não há valores absolutos
que possam prender a vontade e os desejos do ser. Diferente do cristianismo que
acreditava que o mundo procede de modo retilíneo em direção a um fim, a teoria
nietzscheana acredita que não há nenhum sentido providencialista metafísico nem
uma ordem cosmo no qual tudo funciona. O que resta para a humanidade é apenas o
abismo do nada e o Eterno Retorno, que trata-se de retorno de todas as coisas a
nós com elas, ou seja, a compreensão de que todas nós já existimos eternas
vezes e todas as coisas conosco. Nesse sentido, Nietzsche vincula a sua
doutrina do amor fati, que institui que devemos amar o necessário,
aceitar este mundo e amá-lo. Isso acontece quando
o homem descobre que a essência do mundo é vontade, vê que ele é eterno retorno e se reconcilia voluntariamente com o mundo: recolhe sua própria vontade de aceitação do mundo a mesma vontade que se aceita a si mesmo (REALE, 2007, p. 436).
O amor fati, destarte, consiste na aceitação do eterno
retorno, ou seja, aceitação da vida. Em sua obra prima Assim falou
Zaratustra (1883), a mensagem central do personagem criado é apresentar a
ideias de um super homem, que trata-se do sentido da terra, ou seja, um homem
nove que deve criar novo sentido da terra, abandonar as velas cadeias e cortar
os antigos troncos. O homem deve inventar este homem novo, substituindo
os velhos deveres pela vontade própria.
Portanto, de acordo com Nietzsche o homem consiste em
definir as suas vontades, o seus agir, sendo ele mesmo aa medida de todas
coisas, criando novos valores e pô-los em prática. O antigo homem, o homem
embrutecido, possui a espinha curvada e diante das ilusões metafísicas.
Contudo, o super-homem, possui grande amor pela vida, e cria por conta
própria o sentido da sua história e da própria terra, sendo fiel ao que pensas
e práticas, nisto se encontra a sua vontade e o seu poder.
REFERÊNCIAS
REALE,
Giovanni. ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Do Romantismo até nossos
dias. 8ª ed. v. 3. São Paulo: Paulus, 2007.
HELFERICH,
Christoph. História da Filosofia. Tradução por Luiz Sérgio Repa. São
Paulo: Martins Fontes, 2006.
SANTOS,
Fausto Nunes dos. Niilismo em Nietzsche: breve abordagem. Âmbito
Jurídico, São Paulo, 01 de jan. de 2013. Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-108/niilismo-em-nietzsche-breve-abordagem/#:~:text=O%20niilismo%20do%20latim%20nihil,como%20desprovida%20de%20qualquer%20sentido.&text=Estudando%20o%20pensamento%20filos%C3%B3fico%20de,conjunto%20das%20obras%20de%20Nietzsche>.
Acesso em: 07 de maio de 2020.
[1] FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: século XXI – ESCOLAR. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
[2] ABBAGNANO, Nicola. Dicionário
de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.


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