DO HEGELIANISMO AO MARXISMO - Karl Marx, crítico de Hegel

“Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o eu ser social que determina a sua consciência”.
 

INTRODUÇÃO

            Entre os vários pensadores da contemporaneidade, o filosofo e sociólogo Karl Marx (1818-1883) representa os dos mais radicais e revolucionários pensadores desse período, por causa da sua vasta teorética em torno de questões éticas, políticas, históricas e filosóficas. O século XIX representa o grande apogeu para o capitalismo, quer pelas revoluções, quer pela nova conjuntura trabalhista que findava-se na época. Nesse contexto, Marx faz duras críticas as sociedades capitalistas, propondo uma nova conjuntura econômica e política para as sociedades, onde os bens fossem comuns a todos os cidadãos. Essa nova ideologia socioeconômico e político denominou-se comunismo. O centro de toda a filosofia de Marx é a reflexão em torna da luta de classes, que, segundo ele, existe desde os primórdios das sociedades e gerava conflitos e desigualdades entre os homens. Sendo assim, a história da humanidade, era construída apena por esse contexto, pelos conflitos entre a classe dominante e a classe dominada. Entre as várias críticas de Marx, destaca-se as duras contraposições ao pensamento de Hegel, que segundo Marx não passava de teorias utópicas.

 

A VIDA DE MARX

            Natural de Tréveros, Londres, Karl Marx nasceu em 15 de maios de 1818, filho do advogado Heinrich e da dona de casa Henriette Pressburg. Estudou nas universidades de Bonn e Berlim, onde se interessou pelas ideias filosóficas dos jovens hegelianos. Depois dos estudos, escreveu para o Rheinische Zeitung, um jornal radical publicado em Colônia, e começou a trabalhar na teoria da concepção materialista da história. Em 1843, mudou-se para Paris, onde começou a escrever para outros jornais radicais e conheceu Friedrich Engels, que se tornaria seu amigo de longa data e colaborador. Em 1849, foi exilado e se mudou para Londres juntamente a sua esposa e filhos, onde continuou a escrever e formular suas teorias sobre a atividade econômica e social. Também fez campanha para o socialismo e tornou-se uma figura significativa na Associação Internacional dos Trabalhadores.

As teorias de Marx sobre a sociedade, a economia e a política — a compreensão coletiva do que é conhecido como o marxismo — sustentam que as sociedades humanas progridem através da luta de classes (um conflito entre uma classe social que controla os meios de produção e a classe trabalhadora, que fornece a mão de obra para a produção) e que o Estado foi criado para proteger os interesses da classe dominante, embora seja apresentado como um instrumento que representa o interesse comum de todos.

 CRÍTICAS DE MARX A FILOSOFIA DA ÉPOCA

            Mesmo Marx tendo sido grande admirador da filosofia de Hegel na universidade, o seu pensamento formou-se contra a filosofia hegeliana e contra a esquerda hegeliana, tendo sua confirmação na obra Crítica da filosofia do direito de Hegel (1844), no qual Marx crítica a filosofia do direito de Hegel a partir da realidade histórica e política da Alemanha na época. Na filosofia marxista, a teoria do direito hegeliana se mostrava fraca pois esta não representava as conjunturas do homem virtuoso no ato da justiça, mas apenas um conglomerado de tramites que beneficia a classe opressora, ensinando também o indivíduo a desenvolver o apreço pelo materialismo.

            Marx interpreta a filosofia hegeliana a partir de uma visão materialista, no qual ao invés do homem desenvolver o Espírito humano, as instituições criadas para sustentar a vivência da sociedade contribuem para a desigualdade e a luta de classes. O Estado, segundo a filosofia marxista, só contribui com a população, dando-lhe assistência a medida que tais medidas gerem benefícios, não só para os governantes, mas para os grandes grupos capitalista que contribuem com essa ideologia de opressão.

            Com a grande revolução marxista, os economistas clássicos também tiveram duras críticas, em relação a forma de organização política e social. Na opinião de Marx, a anatomia da sociedade civil fornece a economia política e a conjuntura legislativa das mesmas, beneficiando-a. Marx conclui que tais ações apenas fazem com que a economia política cresça cada vez mais, enriquecendo-se e tornando a classe operária, grande detentora do poderio trabalhista, cada vez mais pobre, cada vês mais empobrecida. Marx conclui que o grande problema é o sistema de organização, no qual a classe operária acaba por sustentar o mesmo, enriquecendo cada vez mais a classe dominante.

            Marx era socialista, mas entre a suas várias crítica destaca-se as feitas contra o socialismo utópico. Na obra escrita com Engels Manifesto do partido comunista, Marx fazem explicitam as várias forma de socialismo, distinguindo-as do socialismo científico. Esses “outros” tipos de socialismo são denominados de socialismo reacionário, no qual promove reações contra a grande burguesia apenas para favorecer a pequena burguesia, ou seja, beneficia o conjunto mais desprovido da classe opressora. Para Engels e Marx, o socialismo científico se mostra a melhor expressão do socialismo, pois foi a partir deste que se poder melhor compreender a magnitude e a lei de desenvolvimento do capitalismo e assim combater os seus males.

            No obstante, Marx também critica o socialista conservador Proudhon, que também enverada por concepções de beneficiamento da burguesia como forma de “igualdade” entre aqueles que já eram ricos. As obras de Proudhon, A miséria da filosofia e O que é propriedade? são julgas positivamente por Marx, por rejeitarem tanto a propriedade privada como o comunismo. Contudo, poucos anos depois, Marx critica Proudhon pela cientificidade de suas obras. Em conclusão, Marx faz valer contra Proudhon a ideia de que o processo histórico tem dinâmica própria, determinada pelo progresso tecnológico, no qual a luta de classes representa essa dinâmica do desenvolvimento histórico.

            Nessa relação histórica do indivíduo, Marx critica também a religião, pois esta sugere que os indivíduos busquem uma realidade utópica e necessárias para suas vidas, interferindo também na política e no governo do Estado como todo. Segundo ele, a religião é uma criação humana, onde a sociedade acaba apresentando uma consciência inventada do mundo. A religião para Marx, em outras palavras, é o suspiro da criatura oprima, ela é o ópio do povo.

            Além disso, a forma de organização para o indivíduo manter-se também está aliena, pois o mesmo acaba por tornar-se mercadoria na mão da classe opressora, fortalecendo cada vez mais o capitalismo e revitalizando a sua subserviência. A alienação do trabalho está no fato de quê ele é algo externo aos homens e deveria contribuir para a ascensão do mesmo, mas ao invés disso, é utilizado como instrumento de acumulo de riquezas para a classe dominante. Isso acaba por destruir também o espírito de liberdade do homem, que necessita de trabalho para sobreviver e se vê obrigado a manter nessa condição.

 

REFERÊNCIAS

REALE, Giovanni. ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Do Romantismo até nossos dias. 8. ed. v. 3. São Paulo: Paulos, 2007.



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