No mundo em que vivemos, há-se um aglomerado de atributos que fazem com que a natureza percorra um caminho perene para sua própria manutenção e para a propagação da vida. De fato, a natureza possibilita-nos observa-la, enquanto elementos vitais, para dar continuidade da nossa vida. Um exemplo disto é a cadeia alimentar dos seres vivos, que usufruem da vida de outros seres para dar continuidade na sua existência. Contudo, o fato desta mesma natureza possuem uma ordem, a racionalidade humana busca compreender tal ordem a partir de suas capacidades, atribuindo-lhe conceitos e estruturas lógicas capazes de fazê-la compreensível a cognição humana, e mesmo com tamanho esforço do homem para compreender tal ordem, ele que acaba aplicando a sua ordem na estrutura da natureza, pois foi o homem que atribui o conceito de ordem para a estrutura da natureza.
O universo, em sua estrutura, possui um conjunto de acontecimentos que, denominada ordem, fluem para prosseguir com a mesma. O homem, como forma não apenas de compreender esta ordem, mas como meio de mostrar-se superior a natureza, projeta um conjunto de teorias e leis, observadas de acordo com os fenômenos naturais para prever acontecimentos, determinar o sentido da existência, o princípio da criação, o funcionamento da natureza, prever acontecimentos e frear o que o mesmo chamado de desordem. Edgar Morin, compreende ordem a partir de diversos níveis. O primeiro nível seria o dos fenômenos que aparecem na natureza física, biológica e social: a ordem se manifesta sob a forma de constância, de estabilidade, de regularidade e de repetição. Depois, chegamos num segundo nível que seria o da natureza da ordem: a determinação, a coação, a causalidade e a necessidade que fazem os fenômenos obedecer às leis que os governam. Por fim, o terceiro seria um nível profundo, no qual a ordem se identifica com a racionalidade, concebida como harmonia entre a ordem da mente e a ordem do mundo.
Todavia, dadas estas estruturas, cabia determinar como estas se deram e se havia um Ser criador e organizador desta ordem. Na compreensão teológica, Deus cria o mundo, institui a ordem e determina a mesma. A ordem nada mais seria que determinações divinas, e no caso, a desordem aconteceria pela ação do pecado, que oprime o indivíduo e “desorganiza” a ordem. Whitehead define que foi no medievo que surgiu a ideia de ordem, mesmo os clássicos refletindo sobre os acontecimentos naturais, essa reflexão se restringiu a compreensão um cosmo harmonioso. Contudo, o determinismo teológico coloca em práxis a questão da liberdade humana e se a ordem é uma estrutura de se constrói ou apenas a segue, colocando o homem de forma passiva nessa estrutura. Essa questão teve uma melhor reflexão na modernidade, período do afloramento do sistema científico, no qual os fundadores da ciência moderna, Descartes e Newton, compreendiam a ordem da natureza a partir da perfeição divina, não como um olhar puramente teológico, mas estrutura cientificamente estável. Destarte, foi na contemporaneidade que a compreensão de ordem e criação se davam a partir de estrutura própria do espaço, que conduz a natureza de acordo com as suas necessidades. O físico inglês Steven Hakins teoria que o universo se autocriou, e que auto determinou as suas leis de existência.
Nesta perspectiva, a ciência buscaria estudar a natureza e dominá-la. Isso seria possível por causa que a ordem que a natureza segue, segundo a perspectiva da ciência, possui uma conjuntura lógica e matemática e estruturas físicas, químicas e biológicas. Um exemplo prático disto é a “previsão do tempo”, que a partir de dados estatísticos e estudos meteorológico buscar prever o tempo.
Contudo, mesmo com o esforço humano, elementos como o acaso e a desordem se mostram de difícil determinação. O acaso acontece quando algum fato acontece em uma dada ordem, de forma inesperada, mas isso não significa que isso causaria desordem, mas apenas um fato para compreender a ordenação da natureza. E, já que a ordem é aquilo que permite a previsão, isto é, o domínio, a desordem é aquilo que traz a angústia da incerteza diante do incontrolável, do imprevisível, do indeterminável. Como explica Morin, a desordem também contém desvios que podem perturbar as regulações organizacionais e, mais amplamente, ela diz respeito a qual quer fenômeno que acarrete ou constitua a desorganização, a desintegração, a morte. A desordem provava degradação e ruína no universo e na sociedade. O homem buscara frear as ações da desordem e a própria ordem da desordem.
Portanto, a busca do ser humano era de construir a sua própria ordem natural, no qual a ordem da natureza não seja mais constituída de leis anônimas que governam de modo superior e exterior os corpos do universo. A ordem, a desordem e a organização se desenvolvem junto, conflitual e cooperativamente, e de qualquer modo, inseparavelmente, constituem a nova estrutura ordinária feita pela ciência, como forma de tornar o homem senhor e dono da natureza, pela mente e pela ação.


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