Georg Wilhelm Friedrich
Hegel (1770-1831), foi um dos mais importantes filósofosda Alemanha, representando
um grande pilar do idealismo e do período transicional entre a modernidade e os
primeiros escritos e pensadores contemporâneos. Hegel de fato foi um dos
pensadores mais importantes do século XIX, quer por sua vasta produção
filosófica, quer pelo seu novo sistema filosófico, contribuindo para
resolidificação da ontologia na filosofia, desfavorecida por Kant, tendo como
principal obra “A fenomenologia do espírito” de 1807.
Na
fenomenologia do espírito, Hegel trará a tona a compreensão da ontologia da
realidade, dos seres e do verdadeiro, tratando estes não enquanto seres
substanciais, mas como “Sujeito”, “Pensamento”, ou melhor, “Espírito”. Por assim dizer, Hegel afirmar que a
realidade não é uma substância, mas um Sujeito e Espírito, pois a compreensão
de substância carrega com sigo a compreensão de um “ser enrijecido”. Ao
contrário, ele afirma que a realidade possui movimento, atividade, processo, ou
melhor, que ela possui um “automovimento”.
Contudo, Fichte já tinha
levantado a questão ao afirma a relação do Eu (ser) com o Não-Eu(não-ser), no
qual o Eu apresenta-se a si mesmo, sendo pura atividade autoponente, opondo-se
ao Não-Eu, limite esse superado pela dinamicidade do ser, do Eu. Em outra
palavras, a ação de compreensão da realidade se dá mediante as possibilidade do
ser compreender a si, pois é a partir de si que poderá interagir com a
realidade, e o não Não-Eu, representa os limites dessa possibilidade de
compreensão, ou seja, a minha compreensão reduz-se a mim, ao meu ser, que
interage com os outros seres. Tanto a modernidade quanto o fim dela, no qual
Fichte e Hegel participam, está marcada pelo subjetivismo, compreensão de si e
para si, das realidades mediante as particularidades do ser. Contudo, os
limites apresentados por Fichte nunca são superados, pois o Não-Eu, representa
também atributos do eu, sob dois aspectos, o temporal e o espacial. O Eu, que é
movimento autoponente, incluído-o no espaço e ao longo do tempo, virá a ser o
que era considerado Não-Eu. Por isso, Hegel utiliza-se do pensamento fichteano
não como fim, mas meio a chegar a sua nova compreensão do ser.
Schelling responderá a
essa questão, que a vista de Hegel possui pensamento mais elevado que Fichte.
De acordo com Schelling, a realidade representa a identidade originária do Eu e
do Não-Eu, no qual através dela se poderia compreender as possibilidades do
ser. Todavia, a realidade enquanto identidade, não representa a completude do
ser, pois esta é apenas forma finita, abstrata do Eu, ou seja, a realidade
enquanto identidade não pode ser a base da compreensão do Eu, pois é identidade
apenas aparente, sendo mutável e enganavel , não podendo representar o ser na
sua completude, mas apenas na sua aparência.
Para Hegel, o ser não
possui tal identidade originária com a realidade, mas é Espírito, que se
autogera, gerando sua própria determinação e superando-a plenamente. O Espírito
é infinito, de modo sempre ativo realizando-se, como contínua colocação do
finito e, ao mesmo tempo, como superação desse finito. Isso implica que o homem
eleva-se bem a cima da consciência comum, elevando-a à altura da pura razão e
tornando-a especulação filosófica, pois eleva-se a si mesmo e ao absoluto. Para
que possa elevar-se ao absoluto, a razão é necessário negar e superar as
finitudes da consciência, elevando desse modo o eu empírico e o Eu
Transcendental, a Razão e Espírito. O intuito de Hegel em sua obra era de
purificar a consciência empírica do homem e elevando-a mediante ao Espírito e
ao Saber absoluto. O termo Fenomenologia para ele traz o sentido de introdução
à filosofia, não enquanto iniciação ao estudo filosófico, mas enquanto ato de
filosofar.
Na Fenomenologia do
Espírito, o Espírito que se determina e aparece é a consciência de alguma coisa
outra. A consciência indica sempre relação determinada entre um “eu” e um
“objeto”, evidenciando a relação sujeito-objeto. Além disso, a oposição
sujeito-objeto é característica distintiva da consciência. Por assim dizer, o
objetivo de Hegel é a anulação da cisão entre consciência e objetivo, com a
demonstração de que o objeto nada mais é do que o “si” da consciência. Esse
itinerário fenomenológico prossegue-se em etapas: consciência; autoconsciência;
razão; Espírito; religião; saber absoluto. A questão da autoconsciência é
conceito basilar da filosofia de Hegel, pois esta é consciência e toda
consciência é autoconsciência, descobrindo-se como Razão e onde esta se realiza
plenamente no Espírito, que, através da Religião, alcança seu ponto culminante
no Saber absoluto.
Essa autoconsciência,
molda-se mediante a realidade social do ser, que encontra-se instigado em
compreender o mundo que o circunda, e é dessa relação entre sujeito-objeto, que
o sujeito construirá sua própria conjuntura racional, pois a razão só cumpre a
sua função mediante uma realidade existente, inquirindo-se das estruturas e
métodos abstraídos e moldando-se formando sua própria personalidade consciente.
Contudo, a realidade social não possui apenas a função de moldar a consciência
do indivíduo, mas também de propiciar o desenvolvimento da sua história, por
assim dizer, a racionalidade de todos os períodos históricos contribuíram para
o homem da época e ajudaram no desenvolvimento do homem de hoje, mostrando-se
não apenas suporte da compreensão dos antepassados, mas modelo de razão, pois
se compreenderá a história da humanidade mediante a compreensão racional dos
povos. É através dessas indagações que Hegel escreverá sua obra “A razão na
história”.

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